Mostra Cinema pela Verdade volta ao Rio de Janeiro e exibe filmes sobre a ditadura civil-militar no Brasil

As universidades cariocas recebem, a partir da próxima semana, as primeiras sessões da Mostra Cinema Pela Verdade no Rio de Janeiro. A exibição do documentário “Repare Bem” no auditório da Cândido Mendes de Padre Miguel inaugura a terceira edição da mostra terça-feira, dia 13, às 8h30. À noite, tem nova sessão, com o filme “Ainda Existem Perseguidos Políticos”, às 19h. Na quarta, dia 14, o palco será a UERJ, com apresentação de “Repare Bem”, às 18h. Nos dias 15 e 22, a mostra cruza a ponte e exibe filmes na UFF, Niterói. Todos os eventos incluem debate com convidados ligados ao tema.

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Trecho do filme “Repare Bem” (imagem: divulgação)

No ano em que completam-se 50 anos do golpe que instaurou a ditadura civil-militar no Brasil, a Mostra volta a exibir filmes que retratam este período marcante da história brasileira. Cada estado do país terá pelo menos seis sessões gratuitas de filmes entre abril e maio, totalizando 162 exibições seguidas de debates. Este ano, os filmes selecionados foram os documentários Repare Bem, de Maria de Medeiros, Camponeses do Araguaia – A Guerrilha Vista por Dentro, de Vandré Fernandes, e Ainda Existem Perseguidos Políticos, produzido de forma coletiva pela Ong Acesso.

Realizado pelo Instituto Cultura em Movimento (ICEM), em parceria com o Ministério da Justiça, o projeto foi contemplado pelo edital “Marcas da Memória”, da Comissão de Anistia, que visa à promoção de eventos e projetos com foco na Ditadura Militar no Brasil e na América Latina. “O Festival de Cinema pela Verdade chega a sua terceira edição em um momento de afirmação de nossa democracia com o aniversário dos 50 anos do Golpe. Este ano serve para reafirmar o NUNCA MAIS e para dizermos em alto e bom tom que a sociedade brasileira não aceita ruptura com as instituições e com a Constituição”, diz o Secretário Nacional de Justiça e Presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.

A terceira edição da Mostra Cinema pela Verdade teve início na última semana de março, quando universitários das 27 Unidades Federativas do Brasil reuniram-se em um hotel no interior do Rio de Janeiro para participar de uma intensa capacitação que os tornaram “agentes mobilizadores”. Oriundos dos cursos de Jornalismo, Ciências Políticas, História, Sociologia, entre outros, eles serão responsáveis por produzir e promover a Mostra em universidades, escolas e centros culturais de todas as capitais e em algumas cidades do interior do país.

“O ICEM acredita no audiovisual, no cinema, como um instrumento potencializador do debate e o Cinema Pela Verdade é uma ótima oportunidade de interlocução com o público jovem, atuante e crítico. Esse ano, em que se completam os 50 anos do Golpe, o projeto vem para somar a discussão do que foi a Ditadura Militar no Brasil. Falar sobre, discutir, esclarecer, facilita o entendimento do presente e futuro e é isso que o Cinema Pela Verdade se propõe a fazer”, conclui a vice-presidente do ICEM, Luciana Boal Marinho.

Sobre os Filmes Selecionados

Repare Bem, de Maria de Medeiros
Documentário, 10 anos, 95 min., França, Itália, Brasil, 2012
Sinopse: O jovem guerrilheiro Eduardo Leite “Bacuri” morre em 1970 nas mãos da ditadura militar brasileira, depois de 109 dias de tortura. Sua companheira, Denise Crispim, perseguida e presa durante a sua gravidez, consegue fugir para o Chile depois do nascimento de Eduarda. Lá, encontra seus pais exilados, os quais dedicaram toda a sua vida à luta pela liberdade. A violência da repressão volta a atingir a família com o golpe de Augusto Pinochet, obrigando pais e filhos a se dispersar pelo mundo.

Camponeses do Araguaia, a Guerrilha Vista por Dentro, de Vandré Fernandes
Documentário, 14 anos, 73 minutos, Brasil, 2010
Sinopse: Camponeses falam da amizade com os “paulistas”, como chamavam os militantes do PC do B que lutaram na Guerrilha do Araguaia durante a ditadura militar, e revelam as atrocidades cometidas pelo exército brasileiro na região entre 1972 e 1974.

Ainda Existem Perseguidos Políticos, produzido pela ONG Acesso
Documentário, 10 anos, 54 minutos, Brasil
Sinopse: O filme tem por objetivo fomentar o debate sobre a ausência de uma efetiva transição democrática no Brasil, pós-Ditadura Civil-Militar implantada no País a partir de 1964. Identifica semelhanças no agir do Estado no passado e atualmente, demonstrando que a cultura do autoritarismo permanece arraigada em algumas instituições estatais brasileiras. Apresenta também imagens do projeto que levou este debate para os mais variados públicos (quilombolas, universitário, LGBTT, assentados do MST, comunidades periféricas, etc) desenvolvido pela Acesso – Cidadania e Direitos Humanos em parceria com a Comissão de Anistia.

Programação

Filme: “Repare Bem” e “Ainda Existem Perseguidos Políticos”
Local de exibição: Auditório da UCAM – Padre Miguel
Endereço: Rua Ibitiuva, 151 – Padre Miguel
Data: 13 de maio
Horário: 8h30 e 19h
Preço: Grátis

Filme: “Repare Bem”
Local de exibição: Auditório do 9º andar da UERJ
Data: 14 de maio
Horário: 18h
Preço: Grátis

Filme: “Camponeses do Araguaia: a guerrilha vista por dentro”
Local de exibição: Auditório do bloco O – ICHF, campus Gragoatá da UFF
Data: 15 de maio
Horário: 16h
Preço: Grátis

Filme: “Ainda existem perseguidos políticos”
Local de exibição: Auditório do bloco O – ICHF, campus Gragoatá da UFF
Data: 22 de maio
Horário: 15h
Preço: Grátis