Neste resumo, você vai conhecer como ocorreu a Revolução Industrial na Europa e seus reflexos no mundo, assim como as doutrinas sociais que surgiram como protesto ao capitalismo. Ao terminar de ler, confira outros recursos para você aprender mais, como videoaulas, questões, mapas mentais, dentre outros

Antecedentes

Damos o nome de Revolução Industrial ao conjunto de mudanças tecnológicas com grande impacto na economia, sociedade e nas relações de trabalho e produção. Iniciou na Inglaterra em meados do século XVIII e expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. A Revolução Industrial implantou, definitivamente, o Sistema Capitalista.

Diversas causas favoreceram o desenvolvimento industrial. Podemos destacar a expansão do comércio, que possibilitou a acumulação de capital nas mãos da burguesia europeia, que queria aplicá-lo em outros setores. Além disso, houve crescimento do mercado consumidor e, consequentemente, exigência de novos produtos.

Também teve fim as restrições impostas pelo mercantilismo e abandono das práticas absolutistas de governo, a partir do surgimento das ideias liberais iluministas. Enfim, as novas descobertas que vinham surgindo na Europa desde o Renascimento, como o termômetro, a roda de fiar, o tear mecânico, o relógio de pêndulo, entre outros.

Evolução na produção

Até chegar ao nível industrial, a transformação de matérias-primas em produtos, no decorrer da história, passou por três estágios principais. Em primeiro lugar, o Artesanato, que é a forma mais simples de produção industrial. Neste sistema, o artesão trabalha sozinho na transformação da matéria-prima em produto final.

Em segundo lugar, a Manufatura, caracterizada pela divisão de tarefas, isto é, cada pessoa executa uma parte do trabalho com ferramentas manuais. Este sistema possibilita o aumento da produção. Em terceiro, a Mecanização, ou Maquinofatura, que é a forma mais complexa de produção industrial. Ela consiste na utilização de máquinas em substituição às ferramentas e ao próprio trabalho do homem. Iniciou-se por volta de 1750, com a Revolução Industrial.

Vale lembrar que, apesar da produção ter se tornado mecanizada, ainda existem oficinas que funcionam sob forma de trabalho de artesanato e manufatura.

Fases da Revolução Industrial

A Revolução Industrial foi constituída por duas fases principais, apesar que alguns autores defendem a existência de outras fases. A primeira fase, ou Primeira Revolução Industrial, ocorreu na Inglaterra, no século XVIII, e se caracterizou pelo uso do carvão, do ferro, da máquina a vapor e da produção têxtil.

Por sua vez, a segunda fase, ou Segunda Revolução Industrial, ocorreu no século XIX e representou grande salto na capacidade produtiva, graças ao uso do petróleo, da eletricidade e do aço. Esta fase de industrialização se espalhou por outros países, como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha, Bélgica, entre outros.

Houve um estreitamento entre a ciência e a tecnologia, aumentando muito a produção. Além disso, a construção de ferrovias facilitou o transporte de mercadorias e a instalação de novas indústrias.

Pioneirismo da Inglaterra

Como vimos, a Revolução Industrial teve início na Inglaterra, por volta de 1750. Vamos apontar alguns que fatores contribuíram para o pioneirismo inglês. A balança comercial inglesa era a mais favorável em toda a Europa. Isto gerou disponibilidade de capital para aplicar na industrialização. Somam-se a isto várias inovações técnicas na Inglaterra e a existência de grandes minas de ferro e carvão.

A Inglaterra tinha domínio do transporte marítimo e, consequentemente, do comércio mundial. Este domínio ocorreu a partir do Ato de Navegação de 1651 e foi estimulado também pelo fato de a Inglaterra ser uma ilha. A contribuição dos huguenotes, ou seja, calvinistas franceses que viviam na Inglaterra. Além de capitais, os huguenotes possuíam grande experiência empresarial.

Enfim, podemos destacar a ideologia liberal, a partir das ideias iluministas. Além da instalação de uma monarquia parlamentar, a partir da Revolução Gloriosa de 1688, as ideias liberais criavam um ambiente propício à indústria.

Surgimento das Fábricas

As primeiras máquinas eram movidas pela força muscular de seres humanos ou animais. Uma das grandes novidades da Revolução Industrial foram as fábricas, que passaram a utilizar máquinas movidas a energia mecânica. A fábrica, verdadeiro símbolo da Revolução Industrial, substituiu a oficina, onde o artesão trabalhava por sua conta.

O tamanho das fábricas variava de acordo com os setores de produção. No setor metalúrgico (produção de metais), por exemplo, elas eram maiores do que no setor têxtil (produção de tecidos). O trabalho nas fábricas gerou o termo alienação, utilizado pelo alemão Karl Marx, como referência ao fato de que, muitas vezes, o trabalhador ignorava o produto final, assim como o real valor de seu trabalho.

De certa forma, o surgimento das fábricas e sua expansão estão no centro das discussões acerca da poluição dos rios, do ar e o consequente aumento da temperatura da terra, que chamamos de efeito estufa.

Consequências

A Revolução Industrial teve várias consequências na economia, sociedade e nas relações de trabalho. Vejamos algumas principais. A utilização constante de máquinas e maior divisão do trabalho, com o consequente aumento da produção. A partir de então, houve também evolução dos meios de transporte e comunicação.

O aumento do poderio político e econômico da burguesia, o crescimento da urbanização, a concentração do emprego nas cidades e o êxodo rural, ou seja, o deslocamento do campo para a cidade. O surgimento de novas classes, como a burguesia industrial, ou seja, os donos das novas indústrias; e o proletariado, ou seja, os trabalhadores das indústrias.

Expansão do colonialismo em várias regiões do planeta, com o objetivo de conseguir matérias-primas e mercados consumidores. Junto a isso, houve expansão do capitalismo pela Europa e pelo mundo.

A burguesia e o proletariado

A Revolução Industrial tornou a burguesia detentora dos meios de produção. Com isso, houve a necessidade de trabalhadores nas fábricas, chamados de proletariado. A burguesia se dividia em pequena, média e alta burguesia. A pequena e média era constituída de comerciantes, médicos, advogados, entre outros. A alta burguesia era composta pelos grandes capitalistas, como industriais e banqueiros.

O proletariado, por sua vez, era constituído de antigos camponeses que se deslocavam para a cidades. Era a classe mais numerosa e mais pobre. O crescimento excessivo da mão-de-obra disponível fez com que a situação dos trabalhadores piorasse cada vez mais. Assim, os salários foram se tornando cada vez mais baixos. O uso do trabalho feminino e infantil, muito mais barato, provocava o desemprego dos homens adultos. Além disso, as condições de trabalho eram péssimas e o número de horas trabalhadas era excessivo.

A relação de grande exploração entre a burguesia industrial e o proletariado deu origem aos movimentos operários e sindicatos. Foi também a partir das desigualdades sociais entre capitalistas e operários, que vários pensadores passaram a se opor ao liberalismo econômico e defender novas doutrinas sociais, como o ludismo, cartismo, anarquismo e o socialismo.

Ludismo e Cartismo

O Ludismo surgiu na Inglaterra, entre 1811 e 1812. O nome do movimento deriva de um dos seus líderes, Ned Ludd. Contrários aos avanços tecnológicos ocorridos na Revolução Industrial, os ludistas protestavam contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas.

Com a participação de operários das fábricas, os “quebradores de máquinas”, como eram chamados os ludistas, invadiram diversas fábricas e quebraram máquinas e outros equipamentos. O movimento ludista perdeu força com a organização dos primeiros sindicatos na Inglaterra, as chamadas Trade Unions. O mais eficiente e principal instrumento de luta das Trade Unions era a greve.

O Cartismo também surgiu na Inglaterra, a partir de 1830. O nome deriva da carta escrita pelos radicais William Lovett e Feargus O’Connor, e enviada ao Parlamento Inglês. Esta carta, chamada de “Carta do Povo”, exigia uma série de direitos para os trabalhadores, como o voto secreto e universal.

Anarquismo e Socialismo Utópico

O Anarquismo surgiu na Europa na metade do século XIX. As ideias anarquistas foram defendidas por teóricos como Pierre-Joseph Proudhon e Mikhail Bakunin. Anarquismo pode ser definido como uma doutrina que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação. Defende, também, o fim do sistema capitalista, da propriedade privada e do Estado.

Por sua vez, o Socialismo Utópico surgiu na Europa, na primeira metade do século XIX. Estas ideias socialistas foram defendidas por teóricos como Conde de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Estes teóricos tentaram criar instituições ou fábricas que pudessem acomodar os trabalhadores sem o mesmo grau de exploração que a burguesia industrial muitas vezes impunha. No geral, estas tentativas acabaram fracassando.

O termo utópico foi utilizado pelo fato desses socialistas acreditarem que seria possível realizar a transformação da sociedade sem que houvesse um conflito entre burgueses e proletários.

Socialismo Científico

O Socialismo Científico surgiu na Alemanha, na primeira metade do século XIX. Seus principais teóricos foram Karl Marx e Friedrich Engels. Foi denominado científico porque, ao contrário do utópico, estes pensadores não se preocuparam em imaginar como seria a sociedade ideal. Ao invés disso, estudaram a dinâmica do capitalismo, o que resultou em obras clássicas, como “O Capital” e “Manifesto do Partido Comunista”. Marx e Engels foram responsáveis pela criação de algumas teorias, como a Mais-Valia, o Materialismo Histórico e a Luta de Classes.

Segundo eles, o capitalismo seria substituído pelo socialismo, a partir do momento que os trabalhadores adquirissem consciência de que estavam sendo explorados. Afirmaram, também, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém, necessária, para se alcançar a sociedade comunista. O comunismo representaria o momento máximo da evolução histórica, momento em que a sociedade não estaria mais dividida em classes, não haveria a propriedade privada, nem a necessidade de Estado. Neste estágio, a sociedade chegaria na completa igualdade entre os seres humanos.

As ideias de Marx e Engels inspiraram vários movimentos sociais no decorrer do século XIX. No século XX, estas ideias influenciaram a Revolução Russa, de 1917.