Em seu tempo, o general e imperador francês Napoleão Bonaparte foi admirado e até glorificado pelas suas vitórias em batalhas e talentos como general. No início do seu governo na França, havia uma grande chance de Bonaparte conquistar toda a Europa, iniciando pelo continente.

No entanto, a empreitada francesa na Rússia mudou tudo e acabou fazendo o general cair em desgraça. Por este motivo, conheça 15 curiosidades sobre a Campanha da Rússia.

O grande exército de Napoleão Bonaparte

– A Campanha da Rússia foi uma grande operação militar iniciada pelos franceses e seus aliados, sob o comando de Napoleão Bonaparte em 1812, e que teve grande impacto sobre o desenrolar das chamadas Guerras Napoleônicas, marcando o início do declínio do Primeiro Império Francês.

– Esta campanha foi orquestrada com o objetivo de punir a Rússia, que havia quebrado a determinação de Bonaparte de nenhum país manter relações comerciais com a Inglaterra, no chamado Bloqueio Continental. Ao mesmo tempo, a rendição do czar levaria ao domínio da França sobre toda a Europa Continental.

– As forças de invasão francesas, ao final, foram reduzidas a 2% do seu contingente inicial. A invasão provocou profundas mudanças no panorama social e político dos países envolvidos, gerando grandes movimentos migratórios, bem como reviravoltas nos panoramas estabelecidos das operações militares.

– Para um projeto dessas dimensões, em 1810, Napoleão começou a preparar uma tropa à altura. A grande armée (grande exército, em francês) reunia mais de meio milhão de homens. Eram 610 mil combatentes, levando 1420 canhões. Ao todo, 678 mil, se contar as tropas reservas.

– Esse gigantesco exército era formado por gente da Prússia, Áustria, Bavária, Saxônia, Itália, Polônia, Espanha, Croácia e até de Portugal. Apenas 200 mil eram franceses. Em dois anos, o imperador francês conseguiu estruturar seu poderio militar na Polônia, próximo à fronteira ocidental da Rússia.

Tropas de Napoleão Bonaparte e Moscou

– Composta de dez corpos de exército, quatro tropas de cavalaria, mais a força de elite da Guarda Imperial, a grande armée tinha como foco central um exército comandado pelo próprio Napoleão, com 250 mil homens e 527 canhões.

– A campanha começou na madrugada do dia 24 de junho de 1812, quando o grande exército napoleônico cruzou o rio Nemen e invadiu a Rússia sem avisos ou declarações formais de guerra. A ação foi um golpe nos planos do czar Alexandre I, que pretendia montar um exército de 900 mil homens.

– O problema é que essa massa militar estava sendo reunida na Moldávia, na Criméia, no Cáucaso, na Finlândia e em regiões do interior do império, longe demais do local de entrada do exército francês. Por isso, em junho de 1812, os russos só conseguiram colocar cerca de 280 mil homens e 934 canhões na fronteira.

– No dia 23 de julho, sem ter lutado nenhuma batalha decisiva, a grande armée havia sido reduzida em cerca de 2/3 por causa de fadiga, fome, deserção e morte. A vantagem, porém, continuava ao lado de Napoleão. No lado oposto, o czar reclamava da incompetência russa em interromper o avanço francês.

– No dia 14 de setembro, Napoleão iniciava a marcha em direção a Moscou, capital do império russo. Assim que os franceses passaram pelas ruas da cidade em direção ao Kremlin, pequenos incêndios começaram a surgir. Napoleão assistiu estarrecido o fogo devorar a a cidade, que ardeu por cinco dias.

Retirada do exército de Napoleão

– Após cinco semanas acampando sobre as cinzas da cidade, Napoleão decidiu dar meia volta e iniciar o retorno à França em 19 de outubro. Junto aos soldados, seguiram uma lenta procissão de carroças carregadas de peles, prata, porcelana e seda – fruto de saques.

– No dia 4 de novembro, uma neve pesada começou a cair sobre os franceses desnutridos. No dia 9, a temperatura caiu para cerca de -26° C e continuava baixando. O frio penetrava nas roupas esfarrapadas dos soldados e se somava à exaustão.

– Ao frio, somavam-se os constantes ataques perpetrados pelos russos. No dia 14 de dezembro de 1812, sob um frio de -38° C, apenas 10 mil homens conseguiram cruzar o rio Nemen de volta. A contagem das baixas do fracasso napoleônico: 550 mil homens mortos. No lado russo, 250 mil soldados efetivos.

– Toda a história da campanha napoleônica na Rússia gerou a famosa obra literária Guerra e Paz, de Leon Tolstói. Ela foi escrita na segunda metade do século XIX, eternizando dezenas de passagens da campanha. A derrota inicial da Rússia e sua vitória final também são lembrados na Abertura 1812, de Tchaikovsky.

– Em 2001, uma escavação de rotina em Vilnius, capital da Lituânia, revelou um grande achado: os ossos de 2 mil jovens, no que parecia ser uma cova comum. Após as investigações, os arqueólogos se emocionaram ao descobrir que eram os restos mortais de soldados franceses mortos durante a campanha da Rússia, em 1812.